domingo, 17 de junho de 2012

Verso Branco


Não há outonos nos teus versos
pobres
singelos
honestos

Há branduras tantas que confesso
são humanos
desconexos
serenos

Soneto de versos brancos, solto em vento
derramado num silencio de lamento
chorado por cotovias de plantão



KIRO MENEZES



segunda-feira, 11 de junho de 2012

Cicatriz


Feri-me no agudo tempo
pontiagudo e lanho
levou-me feitiço. Enfermo
ganhei-me noutro

e feri minha vaidade
fosse tola
ou verdade
fosse vela
e apagasse

Feri minha novidade
pois era o passado entranho
arraigado ao meu pensamento
raizado nos veios do sangue
que tormenta o desolamento

Feri o agudo tempo
com minha vaidade peçonha
e a novidade era raiz
do tormento dessa
vergonha





* Lanho: instrumento cortante
* Entranho: penetrar; embrenhar-se
* Peçonha: veneno





KIRO MENEZES





sábado, 2 de junho de 2012

Banho


Entretanto,
foi mesmo dilúvio que me lavou
alma
pés
risos

E não cantei o verso
por medo
pavor

Rabisco o risco
que corro ao amar
o amar
um risco
travesso
e belo.

Voo. Um voar cantante
bater de asas parcos
plaino

Entretanto,
diluviou...
e lavou-me o riso, o verso, o amor.



KIRO MENEZES